Sonhar pode não ser tão tranquilo quanto parece, principalmente durante épocas conturbadas para a humanidade, como uma pandemia. De acordo com o psiquiatra, especialista em medicina do sono e professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), José Carlos Rosa Pires de Souza, as preocupações do cotidiano refletem diretamente na qualidade do nosso descanso.
âO sono é um fenômeno ativo e de sobreviváncia. Durante o sono, acontecem muitas modificações neurológicas e psicológicas, principalmente nos sonhos. Quando a gente sonha, o cérebro consome até 12% a mais de oxigánio e glicose, do que em vigíliaâ, segundo Souza.
O sono tem várias fases, sendo que a REM é mais profunda e onde ocorrem os sonhos. A sigla vem do inglás Rapid Eye Movement, que significa âmovimento rápido dos olhosâ. Já o estado de vigília é o estar acordado, como conhecemos todos os dias.
Para o médico, sonhar muito e nem sempre com enredos tranquilos pode ser um resultado das preocupações do cotidiano. âNessa época de pandemia é normal que a gente sonhe mais, porque estamos dormindo até mais tarde, o que aumentaria o período de sono REM. Há também a teoria da continuidade, em que os problemas do dia a dia se manifestariam também í noite durante os sonhos, por isso mais pesadelos com o vírus da Covid-19 e outras modificaçõesâ, frisa.
Todo esse processo é de extrema importância para o corpo. âDurante o sono, há o aumento do fluxo sanguíneo cerebral e ocorre a produção de 85% a mais do que em vigília do hormônio do crescimento. Quando sonhamos também há uma recuperação e solidificação das memórias que serão úteis para aquelas pessoas e a eliminação das memórias que não serão úteisâ, indica.
Além disso, segundo Souza, os sonhos podem ter interpretações, mas não tão fáceis quanto as pessoas imaginam. âNão dá para ficar interpretando um sonho simplesmente pelo que aconteceu durante o sono. Assim que a pessoa lembra do sonho ela já está envolvendo conteúdos emocionais da vigília, então para compreender há de se ter um estudo bem mais complexo desses sonhosâ, pontua.
O período de pandemia também pode diminuir a qualidade do sono. Segundo o médico, algumas dicas podem ajudar, como evitar dormir í tarde, caminhar por 40 minutos todos os dias e restringir a ingestão de café e outros estimulantes após í s 18 horas.
Fonte: Naiane Mesquita/ Portal do MS
2020-06-18 09:11:00