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Valentine’s Day: Por que japonesas são ‘obrigadas’ a dar chocolates aos homens

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Pelo mundo, as pessoas costumam dar chocolates de presente no Dia dos Namorados. Mas, no Japão, é um pouco mais complicado. Nessa data, apenas as mulheres presenteiam com chocolate. E não são apenas seus parceiros que recebem o agrado, mas também seus colegas de trabalho homens.

A prática é chamada de ;giri choco;, expressão que pode ser traduzida como ;chocolate de obrigação;. Crí­ticos dizem que isso gera um constrangimento para as mulheres. Outras pessoas afirmam que a prática é um pouco incompreendida.

Já o ato de dar chocolate para o parceiro, em uma atitude romântica, é chamado de ;honmei choco; – ;chocolate dos sentimentos verdadeiros;.

O ;giri choco; se trata de expressar apreço por colegas de trabalho homens. Uma pesquisa de 2017 feita pela multinacional 3M verificou que 40% das mulheres entrevistadas planejavam dar chocolate para algum colega.

Para a maioria, o ato se tratava de um simples agradecimento ;por apoio geral;. Outras pessoas acreditavam que esse gesto suavizava o ambiente de trabalho. Uma minoria achava que seria estranho não fazer parte da tradição.

Presentear para demonstrar gratidão

A jornalista especialista em chocolates Ayumi Ichikawa diz que muitas mulheres não veem problemas no giri choco, já que o Japão tem uma cultura de presentear. ;í‰ parte da nossa tradição dar presentes para pessoas que nos ajudam. E nós temos o hábito de dar presentes para amigos e conhecidos de vez em quando, para demonstrar nossa gratidão.;

Mas outros veem problemas nessa tradição. ;Algumas pessoas consideram esse ritual penoso, sentindo que devem participar de qualquer jeito, o que faz com que o chocolate se torne uma obrigação;, explica Ichikawa.

O professor Sejiro Takeshita, da Universidade de Shizuoka, afirma que a tradição não é ;tão injusta quanto parece;. Em 14 de março, o Japão celebra o Dia Branco, quando homens presenteiam as mulheres com chocolate. Nessa data, diz Takeshita, as mulheres podem obter sua ;vingança;.

Crí­ticas e defesa do giri choco

Em um estudo feito em 1996, a socióloga Yuko Ogasawa argumentou que o giri choco era uma forma de as mulheres exercerem poder sobre os homens. Aqueles que elas admiravam recebiam chocolate. Já os incompetentes ficavam sem nada.

;Em outras palavras, (o giri choco) pode ser visto como uma das poucas oportunidades para as mulheres exercerem poder sobre os homens, resistindo a normas de gánero prevalescentes;, afirma Sachiko Horiguchi, antropólogo da Universidade Temple do Japão.

No ano passado, a prática gerou uma crí­tica inesperada de uma empresa de chocolate belga, a Godiva, que fez um anúncio de página inteira em jornais pedindo o fim do giri choco. ;O Dia dos Namorados deve ser um dia em que vocá demonstra para alguém seus sentimentos verdadeiros. Não é um dia em que vocá deve fazer algo extra, para suavizar as relações de trabalho;, dizia a publicidade.

Este ano, a empresa belga continuou na campanha, tuitando para uma empresa que produz chocolates baratos que são considerados o ;rei do giri choco;, a Yuraku. Na mensagem, a fabricante belga estimulava os funcionários da rival a comprarem os chocolates Godiva para darem de presente para quem eles realmente amam.

O Dia dos Namorados é muito importante para a indústria de chocolate japonesa. Algumas lojas chegam a obter 70% da sua renda anual nessa data, segundo a jornalista Ichikawa.

Mas, com o passar dos anos, a parcela dos lucros originada no giri choco deve diminuir. Segundo Horiguchi, o Dia dos Namorados no Japão está mudando, já que a pressão para as mulheres darem o giri choco está diminuindo. Em vez disso, as mulheres estão optando por dar chocolate apenas para quem realmente gostam.

Fonte: BBC

2019-02-14 16:09:00

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