O ladrão que é morto pelo traficante que também mata o agiota: a ciranda da morte na fronteira de Ponta Porã com o Paraguai é descrita pelo titular da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Antonio Carlos Videira, ao analisar a intensificação da violáncia em 2019. Do lado de cá da fronteira, de onde se alcança Pedro Juan Caballero com poucos passos, os homicídios cresceram 85%.
No ano passado, até novembro de 2018, Ponta Porã, a cidade de 92.526 habitantes que fez fama com o comércio de importados, contabilizou o registro de 27 homicídios. Neste ano, durante o mesmo período, foram 50 assassinatos. Em sentido oposto, a mesma cidade teve queda de 34% dos furtos (234 para 154) e tem média de dois roubos a comércio registrado na polícia a cada más.
Na contabilidade dos homicídios, pesa a execução de Jorge Rafaat, em 2016.âIsso não é um problema desse ano, mas que se intensificou desde a morte do Jorge Rafaat, onde facções criminosas que atuam no tráfico de drogas iniciaram disputa pelo território. Mato Grosso do Sul vem atuando há muito tempo no enfrentamento dos crimes transfronteiriços. O maior volume é o tráfico de drogas, que movimenta mais dinheiro, seguido de contrabando e descaminhoâ, afirma Antonio Carlos Videira, que começou no cargo de escrivão, como lembra uma máquina de escrever que ornamenta seu gabinete, e hoje traz na lapela botton com a sigla da Sejusp, secretaria que comanda desde 2017.
Em entrevista ao Campo Grande News, o secretário aponta a correlação entre crimes e que o tráfico e seus desdobramentos violentos tám, por tabela, as digitais dos usuários.
âO homicídio é um reflexo da disputa entre o tráfico. Todavia, a gente tem que pontuar o seguinte: muitos que estão morrendo hoje na fronteira não são envolvidos com o tráfico, mas são pessoas que estavam praticando roubos, latrocínio. Crimes que criam sensação de insegurança muito grandeâ, diz Videira.
Na paz estilo fronteira, a análise do secretário é de que traficantes punem ladrões de veículos e autores de latrocínio (roubo seguido de morte) porque essas modalidades de crimes aumentam a sensação de insegurança. O clamor público resulta em grandes operações policiais, que sufocam o escoamento da droga.
Fonte: Aline dos Santos/ Campo Grande News
2019-12-13 10:40:00