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Mesmo com pandemia, número de suicídios diminui em Mato Grosso do Sul

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Mesmo com o isolamento social em razão da pandemia de Covid-19, Mato Grosso do Sul teve queda de 30,8% no número de suicí­dios este ano, em comparação com 2019. 

Segundo especialistas, a redução ocorreu em função da busca das pessoas em cuidar da saúde mental em um perí­odo que pode aumentar os fatores de risco para suicí­dio, com aumento de angústia, ansiedade e depressão.

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Estado registrou 182 mortes decorrentes de suicí­dios, uma queda de 81 casos em comparação com 2019, quando foram notificadas 263 mortes e 3.370 tentativas de suicí­dio.

Campo Grande é a cidade com maior número de suicí­dios no Estado: registrou 92 mortes em 2019 e 55 mortes em 2020. O municí­pio com o segundo maior número de mortes é Dourados, que notificou 23 suicí­dios em 2019 e 10 neste ano.  

Segundo a psicóloga Izabelli Coleone, durante a pandemia, as pessoas buscam mais ajuda para cuidar da saúde mental, pois ficam mais tempo sem contato social. Isso resultou na queda nos números de suicí­dio neste ano. 

“A demanda na pandemia e o conhecimento da terapia por meio remoto e psiquiatras com consultas on-line fez com que o sujeito lidasse mais com seus próprios preconceitos. A ideia de ter mais percepção de si e o que se sente estando sozinho faz com que haja um desejo de se escutar e se cuidar”.

Coleone explica que a pandemia cobrou um autoconhecimento diante da privação do conví­vio social e das aglomerações, fazendo com que as pessoas se encontrassem sozinhas ou em isolamento com pessoas que possuem dificuldades de conviváncia. 

“A pandemia nos cobrou reconhecer que a nossa saúde emocional e mental fala. Nosso inconsciente trabalha diante das nossas viváncias diárias”.

A psicóloga Izabelli Coleone fala sobre a importância de buscar ajuda – Bruno Henrique/Correio do Estado

“Não podemos culpabilizar a pandemia, mas ela permitiu o ser humano sentir suas emoções e muitas vezes não saber lidar com isso. Por isso o alto í­ndice de pessoas diagnosticadas com depressão, levando algumas pessoas a encontrarem uma maneira de acabar com o sofrer de maneira fí­sica, necessariamente não de forma consciente”, complementa.

Dados do boletim da Coordenadoria de Estatí­sticas Vitais (Cevital) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) indicam que, em 2019, a morte por suicí­dio teve um aumento de 102% em comparação com 2010. Além das 92 mortes, houve 1.621 tentativas na Capital.  

O suicí­dio é a segunda causa de mortes violentas no municí­pio, com 18%, superada apenas pelos acidentes de trânsito. A faixa etária com maior í­ndice de casos é de 20 a 39 anos, com 47%, seguida de pessoas de 40 a 59 anos, com 25% do total de mortes, e pessoas com 60 anos ou mais, que representam 16%. 

Crianças de 10 a 19 anos totalizaram 12% dos óbitos por suicí­dio. Embora 77% das ví­timas sejam do sexo masculino, a maioria das tentativas foram registradas entre mulheres, 76%.

Sinais de alerta

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o suicí­dio é precedido por sinais de alerta verbais ou comportamentais. Algumas falas podem ser sobre querer morrer, sentir grande culpa ou vergonha ou se sentir um fardo para os outros.  

“Outros sinais importantes são sensação de vazio, desesperança, aprisionamento ou falta de razão para viver; sentir-se extremamente triste, ansioso, agitado ou cheio de raiva; ou com dor insuportável, seja emocional ou fí­sica”, alerta a Organização em boletim.

Algumas mudanças comportamentais que podem ser sinais para um possí­vel suicí­dio são: fazer um plano ou pesquisar maneiras de morrer; afastar-se de amigos; dizer adeus, distribuir itens importante ou fazer testamentos; fazer coisas muito arriscadas; ter mudanças extremas de humor; comer ou dormir muito ou pouco; e usar álcool e drogas com mais frequáncia.

A psicóloga detalha que não é possí­vel saber os motivos concretos que uma pessoa tem para cometer suicí­dio, mas é sempre importante ter uma rede de apoio que possa observar comportamentos adversos e incentivar o cuidado. 

“Podemos levar muito em consideração o fato de não se autoconhecer, saber suas respectivas dores, angústias, medos e receios em relação í  sua própria vida”.

Fonte: Ana Karla Flores/ Correio do Estado

2020-12-28 08:59:00

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