Coamo e Lar, duas das principais cooperativas paranaenses instaladas no Mato Grosso do Sul, conheceram na terça-feira (23) os detalhes do projeto da Nova Ferroeste. A apresentação foi feita por técnicos do grupo de trabalho criado pelos governos do Paraná e do Mato Grosso do Sul para desenvolver a nova malha ferroviária. A via terá 1.285 quilômetros de extensão e vai ligar Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá, dando origem ao segundo maior corredor de exportação de grãos e contáineres do País.
âFoi mais um dia bastante proveitoso. Pudemos perceber como o mercado está carente de uma infraestrutura logística ferroviária. Tanto a Lar quando a Coamo se entusiasmaram muito com a ideia. Ou seja, existe um mercado muito forte para ser exploradoâ, destacou o coordenador do Grupo de Trabalho Ferroviário do Estado do Paraná, Luiz Henrique Fagundes.
Instalada em Dourados, segunda cidade mais populosa do Mato Grosso do Sul com aproximadamente 225 mil habitantes, a divisão de soja da Coamo entrou em operação em novembro de 2019, com um investimento estimado em R$ 800 milhões. Emprega 400 funcionários diretamente, quadro que sobe para cerca de 1.500 pessoas quando considerado os postos indiretos. A cooperativa nasceu em Campo Mourão, na região Centro-Oeste do Paraná.
Gerente da indústria de óleo, Emerson Abrahão Mansano explicou que a construção de um eixo ferroviário com a inclusão de Dourados vai permitir í Coamo ganhar competitividade, especialmente por causa da redução do custo da operação, estimado em 27% nas exportações. âTemos a expectativa por esse projeto desde quando começamos a pensar em montar a fábrica aqui em Dourados. í algo que vem ao encontro do que a Coamo precisa, com a nossa realidade. A ferrovia terá um impacto muito grandeâ, disse o gerente.
A capacidade atual da planta é para esmagar 3 mil toneladas de soja por dia, dando origem principalmente a óleos refinados. Em torno de 50% da produção é voltada para a exportação, com o trajeto até o Porto de Paranaguá sendo feito atualmente por caminhões. âUm projeto tão grande como esse vai gerar mais crescimento, modificando o cenário completamenteâ, destacou Mansano.
Para reforçar o apoio da Coamo, o gerente lembrou que mesmo antes de o projeto ganhar corpo, a empresa colocou no plano diretor um local para a instalação de um terminal ferroviário que poderia servir de ligação com a malha interestadual. âAlgo muito relevante no cenário logístico do Paísâ, ressaltou.
Caarapó
O projeto ganhou apoio na unidade da Lar de Caarapó. Instalada na cidade desde 2019, é também voltada para a estratificação da soja â o complexo esmaga 1.500 toneladas por dia. Gera diretamente 220 postos de trabalho. Em torno de 600 considerando os indiretos.
A Lar tem a sede principal em Medianeira, no Oeste paranaense. âVai facilitar muito a logística de movimentação de grãos. O custo de transportar pela ferrovia será menor e com menos perdas. Além disso, ganhamos agilidade e segurançaâ, afirmou o gerente industrial da unidade sul-mato-grossense, Thales da Silva. âCom certeza vai significar mais empregos nesta regiãoâ, acrescentou.
Ferrovia
O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contáineres do País, unindo dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Apenas a malha paulista teria capacidade maior.
A área de influáncia indireta abrange 925 municípios de trás países. São 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A expectativa, de acordo com os técnicos, é que pela Nova Ferroeste seja possível o transporte de 54 milhões de toneladas por ano â ou aproximadamente 2/3 da produção da região. 74% seriam de cargas destinadas para a exportação.
Ainda não há definição de valor final para a construção justamente pelo projeto estar em fase preliminar. A expectativa, contudo, é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, até novembro de 2021. O consórcio que arrematar a concessão será responsável pelas obras.
Verificação
Além das visitas í s cooperativas, o comitá técnico vistoriou pontos sensíveis do futuro traçado da nova malha ferroviária, tanto em Dourados quanto em Caarapó. A avaliação do grupo é que o território do Mato Grosso do Sul não apresenta dificuldades. âEstamos no caminho certo do traçado. Tem viabilidade e o terreno favoreceâ, afirmou Fagundes.
Fonte: AEN/Pr
2021-03-25 08:35:00