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Novo golpe: criminosos ‘limpam’ contas bancárias controlando celular de vítima à distância

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Na última semana, novo golpe aplicado por estelionatários acabou pegando uma ví­tima, de 66 anos, de surpresa. Em tratamento por causa de um câncer e com dinheiro guardado para pagar os exames, a ví­tima teve R$ 10.432,22 retirados das contas após acreditar que estava falando com funcionários dos bancos.

Em relato ao Midiamax, a ví­tima contou que estava em casa quando o telefone tocou e o homem se identificou como funcionário da Caixa Econômica, confirmando o nome e o CPF da ví­tima. Ele disse que era gerente e que tinha identificado uma movimentação estranha na conta da ví­tima, passou um número de protocolo e falava seriamente.

A ví­tima, sem passar outros dados, olhou a conta e achou que tinha ocorrido uma transferáncia que ela não tinha feito. Assim, o suspeito passou um telefone para o qual ela deveria ligar, para resolver o problema. A ví­tima ligou e um outro homem a atendeu. Este pediu para a ví­tima abrir a conta pelo aplicativo do celular. “Preciso fazer uma varredura no seu celular, para fazer o estorno’, teria dito o criminoso.

Conforme a ví­tima, a conta da Caixa era usada apenas para poupança, onde todo más ela guardava parte do dinheiro para os exames oncológicos. O suspeito, então, pediu a senha do aplicativo do banco para a ví­tima, que desconfiou de golpe e se negou. Calmo, o criminoso disse: “Então amanhã a senhora vai í  Caixa para verificar, mas vou passar para outra pessoa que vai falar para a senhora baixar um antiví­rus’, disse.

Foi neste momento que o suspeito transferiu a ligação para uma mulher. Ela orientou a ví­tima a baixar o aplicativo, chamado AnyDesk. A ví­tima baixou o aplicativo e a criminosa, ao telefone, pediu o número que apareceria após o aplicativo ser instalado. “Eu passei, não era senha, não era do meu aplicativo do banco, então passei’.

Com isso, os criminosos conseguiram controlar remotamente o celular da ví­tima, a distância. “Imediatamente a tela do meu celular começou a mexer sozinha e eles fizeram vários PIXs. Não conseguia desligar o aparelho, nem sair do aplicativo da Caixa’, disse a ví­tima. Ela ainda conseguiu tirar um print do momento em que os PIXs eram feitos e gritou pela filha.

Ainda assim, a criminosa disse ao telefone: “Não fica nervosa, é assim mesmo. Daqui 12 horas a Caixa vai te ressarcir todo o valor’, enganando a ví­tima. Antes de desligar, a mulher ainda falou que viu que a ví­tima tinha conta no Bradesco e em outro banco e disse para ela entrar em contato.

Durante todo o tempo, os criminosos demonstraram ser pessoas bem instruí­das, passando número de protocolos, solicitando o e-mail da ví­tima para enviar relatórios do atendimento. “Eles tinham todo o aparato, eram pessoas educadas e instruí­das’, disse a ví­tima. Quando desligou o telefone, ela tentou chamar o gerente do Bradesco pelo WhatsApp.

Neste momento, o telefone fixo tocou e um homem disse ser o gerente, inclusive citando o nome. Novamente a ví­tima acreditou que era ele e contou que o celular foi invadido e o dinheiro todo retirado da conta. O criminoso também acabou passando um golpe na ví­tima, pediu para ela abrir o aplicativo do Bradesco e os suspeitos, ainda controlando o celular da ví­tima remotamente, também limparam essa conta bancária.

A ví­tima procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, logo após o ocorrido. “Os policiais foram maravilhosos comigo’, contou a ví­tima, que recebeu o suporte necessário. Ela teve prejuí­zo de R$ 10.432,22 com o golpe e entrou em contato com os bancos, que não se responsabilizam pelas transferáncias, já que foram feitas com a senha da ví­tima.

“Tenho R$ 4 para passar o más. Os policiais me orientaram a desinstalar todos os aplicativos dos bancos, salvar as fotos em nuvem e mudar o PIN do meu chip, fazer uma limpa’, disse. “A gente trabalha tanto pra ter descanso no fim da vida e ser lesada por uma quadrilha’, lamentou a ví­tima.

Ainda segundo ela, outras duas pessoas também teriam passado pela mesma situação. Sem tanto conhecimento da tecnologia, a ví­tima mal sabia que alguém poderia mexer no celular dela remotamente.

Em abril deste ano, o Dracco (Departamento de Repressão í  Corrupção e ao Crime Organizado) identificou um detento que, mesmo do Instituto Penal, conseguiu aplicar mais de 80 golpes. “Muitos autores são presidiários, que contam com logí­stica de fora do presí­dio para fazerem a “correria”‘, destacou a delegada titular, Ana Cláudia Medina.

Ainda conforme a delegada, a primeira orientação é sempre não fornecer dados pessoais quando a ví­tima recebe ligações de pessoas dizendo serem de bancos. “Se possí­vel, contate o gerente ou responsável pelo banco indo direto na agáncia para verificar se tem alguma situação pendente que necessite o fornecimento desses dados’. A recomendação em todos os casos é que, de forma alguma, a pessoa forneça dados pessoais pelo telefone, principalmente se não forem números oficiais das agáncias bancárias.

“A criminalidade sempre busca alguma falha ou lacuna para inovar as formas de fraude. Os dados pessoais não podem ser fornecidos para alguém que não se conhece’, ressaltou a delegada. Também segundo Medina, outros tipos de negociação pela internet, como de venda de produtos, devem ser feita de maneira a não se fornecer dados pessoais de documentação ou endereço.

Uma maneira de identificar o golpe é perceber que a pessoa que liga para a ví­tima acaba pedindo dados para distrair a pessoa e a “segura’ na ligação. Assim, não a deixa confirmar os fatos. “Nunca forneça detalhes de dados bancários, por telefone ou WhatsApp, não mande fotos dos documentos’, pontuou a delegada.

Uma vez identificado o golpe, mesmo se a ví­tima não tiver prejuí­zo, é necessário que procure a delegacia. â€œí‰ importante que informe por meio do boletim de ocorráncia, para que as forças de Segurança tenham conhecimento das formas como os estelionatários estão aplicando os golpes. Não há vergonha alguma em dizer que caiu em um golpe e é importante comunicar, para que a polí­cia oriente e novas ví­timas não caiam, evitando que os criminosos enriqueçam por meio das fraudes’, finalizou.

Em maio deste ano entrou em vigor a Lei 14.155/21, que amplia as penas por crimes praticados com uso de aparelhos eletrônicos. A pena é estipulada em 4 a 8 anos para o crime de furto – como o caso da ví­tima em questão – por meio de dispositivos eletrônicos, conectados ou não í  internet, por meio de violação de senha ou uso de programas invasores.

Se praticado contra idoso ou vulnerável, também como foi o caso, a pena aumenta de 1/3 ao dobro, considerando o resultado.

Fonte: MSNews

2021-08-12 07:45:00

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