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De pão a tijolo, oficinas de trabalho levam qualificação profissional a internos da Penitenciária de Dourados

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Fotos: Keila Oliveira, AgepenO foco no trabalho prisional tem ajudado a levar novas perspectivas de vida a custodiados da Penitenciária Estadual de Dourados (PED), maior presí­dio de Mato Grosso do Sul. No local, os reeducandos atuam em diferentes frentes produtivas que garantem ocupação laboral ao mesmo tempo em profissionalizam os internos, representando maior possibilidade de reinserção social e não reincidáncia no crime.

Na padaria, por exemplo, as mãos ágeis do padeiro Fabiano Antônio ao sovar a massa são também a esperança de seu próprio “ganha-pão” no futuro. No presí­dio, se especializou em panificação e agora sonha em poder trabalhar com isso quando ganhar a liberdade. ;Me aperfeiçoei bastante neste trabalho, sei fazer todos os tipos de pães e isso, com certeza, vai me ajudar a ter um trabalho lá fora;, afirma o reeducando, que também recebe 3/4 do salário mí­nimo pelo trabalho.

Assim como Fabiano, a panificação no presí­dio representa capacitação profissional, trabalho remunerado e ocupação produtiva para outros nove reeducandos que atuam nesta oficina. A produção funciona diariamente durante 16 horas, com detentos trabalhando divididos em dois grupos que se revezam. Todo trabalho segue criteriosos cuidados de higiene. No espaço, constantemente, cursos de qualificação na área são oferecidos.

Na padaria são feitos, em média, 6 mil pães diariamente que, além da própria massa carcerária, reforçam também a alimentação do Hospital da Vida, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – 24 horas do Municí­pio, os dois estabelecimentos penais de regime semiaberto e o Patronato Penitenciário da cidade, bem como, são realizadas doações a instituições sociais.

Já na fábrica de tijolos, são confeccionadas 100 peças ao dia. A meta agora da direção da penitenciária é que a produção atenda a construção de uma nova sala para o arquivo e almoxarifado do presí­dio, gerando economia aos cofres públicos. A oficina foi montada a partir de projeto da Agáncia Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) pelo Programa de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (PROCAP) do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Pedro Henrique é um dos trás internos que trabalham nesta oficina e informa animado como é o dia a dia do serviço. ;Peneiramos a areia, a terra e colocamos cimento, jogamos na betoneira, depois tritura na máquina, passa na dala e depois vai para prensa, e aí­ começa o processo de cura, aguando o tijolo durante sete dias;, detalha empolgado, reforçando que os tijolos podem ser utilizados em vários tipos de edificações.

Ele comemora o fato de poder estar se ocupando, aprendendo uma ocupação lí­cita, ao mesmo tempo em que consegue remir a sua pena com o suor do seu trabalho, já que, conforme estabelecido pela Lei de Execução Penal (LEP), a cada trás dias de labor, um é reduzido no total do tempo de prisão a ser cumprido.

Instalada por uma empresa privada, conveniada com a Agepen, na fábrica de bolas, a frase pintada na parede, extraí­da do livro bí­blico de Provérbios “O caminho do preguiçoso é cheio de espinhos, mas o caminho do justo é uma estrada plana” é um estí­mulo e chama a atenção para importância do trabalho na vida da pessoa.

A atividade rende ocupação produtiva remunerada a pelo menos 234 detentos, que a atuam na costura e na colagem de bolas oficiais de diferentes esportes, utilizadas, inclusive, em campeonatos oficiais em várias partes do Brasil. No local são costuradas ou coladas, em média, 2 mil bolas todos os dias.

A horticultura e a jardinagem também representam oportunidade de trabalharem e se capacitarem na profissão. Atualmente, 25 internos atuam diariamente no cultivo de alface, salsa, rúcula, couve, coentro, cebolinha, cenoura, rabanete, repolho e beterraba, e outros dois cuidam das plantas do jardim que harmonizam o pátio interno da entrada da penitenciária.

As verduras e legumes cultivados na horta tám beneficiado mais de 450 crianças e idosos atendidos em instituições sociais e filantrópicas do municí­pio. Além da doação, a produção também atende toda a demanda interna e tem garantido uma alimentação saudável aos apenados.

De acordo com o diretor da Penitenciária de Dourados, Antônio José dos Santos, ao todo, 474 internos trabalham diariamente, em setores que envolvem também a cozinha, instalada por meio de convánio com empresa terceirizada responsável pelo fornecimento da alimentação; barbearia; serviços de manutenção do prédio, reciclagem entre outros. Ele destaca que as diversas atividades desenvolvidas colaboram para a disciplina do ambiente carcerário e influenciam no comportamento dos internos.

O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, ressalta que, assim como na PED, o trabalho é realidade em todas as unidades prisionais do Estado, fazendo de Mato Grosso do Sul referáncia nacional no assunto. Conforme o dirigente, atualmente a instituição possui 195 parcerias de trabalho e mais de 7 mil reeducandos trabalhando.

;Não são apenas grades, muros e cadeados que nos ajudam a garantir a segurança nos nossos estabelecimentos prisionais, frentes de ressocialização também contribuem para maior tranquilidade e disciplina. São essas ações de ocupação pelo trabalho, educação, cultura a atividades religiosas, de promoção social, entre outras assistáncias prestadas, que oferecem suporte durante o cumprimento de pena;, finaliza Aud.

Fonte: Keila Oliveira, Agepen

2021-12-17 09:17:00

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