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Vigilância contra influenza aviária garante produção segura para Mato Grosso do Sul

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Fotos: Saul Schramm

Nyelder Rodrigues, Comunicação Governo de MS

Dois dias na estrada e mais de 1,2 mil quilômetros percorridos entre asfalto, terra e areia, além de uma travessia de balsa no rio Paraguai, grosseiramente resumem a logí­stica da equipe de jornalismo para acompanhar uma pequena amostra do trabalho de defesa sanitária realizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul na região pantaneira. O foco das ações é evitar a entrada da influenza aviária no Estado e no Brasil.

Além das tradicionais barreiras sanitárias e fiscalizações volantes, visitas a assentamentos, fazendas e até monitoramento de aves que migram dos Estados Unidos e Canadá para o hemisfério sul, tendo o Pantanal como local de invernada, são uma constante da Iagro (Agáncia Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) que foi acompanhada de perto.

Na linha de fronteira com a Bolí­via, a agáncia é a responsável por fiscalizar a entrada de produtos de origem animal e vegetal no Brasil, em atuação conjunta í  Vigiagro (Vigilância Agropecuária Internacional). A Iagro reforçou esse trabalho instalando um arco de desinfecção onde os veí­culos de passeio e de carga vindos do paí­s vizinho passam, visando evitar que a gripe aviária chegue ao território brasileiro.

“Há quem ache exagero e quem diga que não resolve nada. Mas se está sendo feito, e percebemos que existe uma preocupação real em se evitar que essa doença chegue ao paí­s, é porque são as medidas que precisam ser tomadas. í‰ para o bem de todos, envolve economia e a saúde das pessoas”, comenta a corumbaense Neusa Munhoz, que atravessava a ponte para o lado brasileiro após uma rápida visita í  Bolí­via.

Fiscalização da Iagro no posto do Buraco das Piranhas, na BR-262

O alerta para a influenza aviária cresceu recentemente em Mato Grosso do Sul após um caso ser detectado em uma granja boliviana, localizada em Cochabamba, na região dos Andes. Mesmo estando há mais de 1 mil quilômetros do Brasil, a situação exige atenção.

“Parece uma distância muito grande, mas temos que lembrar que as aves silvestres, que carregam esse ví­rus, percorrem anualmente distâncias muito maiores, migrando de hemisfério. Por isso, reforçamos nossa vigilância”, destaca o diretor-adjunto da Iagro, Cristiano Moreira de Oliveira, em palestra para produtores rurais de Corumbá.

O evento foi o fechamento de uma série de ações realizadas na região para fomentar a educação sanitária na população que lida diariamente com produtores de origem animal. Além da influenza aviária, foram repassadas orientações sobre a aftosa, doença na qual Mato Grosso do Sul também está livre, e agora sem a necessidade de vacinação.

“Essa interação da Iagro com os produtores é fundamental. í‰ preciso disso para conseguir vender ao mercado externo e também ao interno. A sanidade tem que ser fiscalizada e bem feita. O produtor se compromete a fazer isso e precisa de um órgão que dá esse amparo. Não adianta fazer tudo direito e não ter um órgão oficial que chancele isso”, comenta o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Gilson Araújo de Barros.

O lí­der ruralista também destaca que a interação entre os órgãos oficiais e os produtores é importante, pois “um não vive sem o outro”. “As informações que chegam até a gente ajudam bastante, sem dúvida. O papel do produtor é produzir, e para isso é preciso conhecer bem qualquer situação que possa ocorrer. A Iagro fornece esse conhecimento”.

Fiscalização e arco de desinfecção no Posto Esdras

Segurança também para a saúde pública

A gripe aviária, até onde se conhece sobre ela, é uma doença de alta letalidade, chegando a aproximadamente 50% tanto em aves como em humanos. A transmissão dela acontece apenas entre aves e aves, e entre aves e humanos – neste último caso, o contato precisa ser í­ntimo. Mesmo sem registro no Brasil, o trabalho visa evitar que isso aconteça.

â€œí‰ de extrema importância para a Secretaria de Saúde de Corumbá, e também para a prefeitura, pois trabalhamos aqui sob o conceito da saúde única, humana e animal. Essa parceria com a Iagro visualiza tudo isso, onde conseguimos identificar situações e trabalhar em conjunto”, opina a secretária de saúde de Corumbá, Beatriz Assad.

Barros também destaca a segurança repassada pelo trabalho da Iagro. “A gripe aviária é uma doença séria, não existe no Brasil, mas existe em outros paí­ses da América do Sul e do mundo. Então precisamos ter um controle para resguardar nossa produção. Sem contar que é uma zoonose, tem efeitos em humanos também. Então não é só pela produção que esse controle tem que ser feito”, conclui o produtor rural.

Trabalho complexo e amplo

Ações da Iagro no Posto Esdras, na fronteira com a Bolí­via, envolve também abordagens

O trabalho da Iagro para evitar a influenza aviária no Mato Grosso do Sul é feito em trás linhas: o controle de trânsito, onde não se pode deixar os produtores entrarem sem inspeção e certificação, é uma delas. Para isso, há postos fixos da agáncia no Posto Esdras, na linha internacional, além da unidade da PMA (Polí­cia Militar Ambiental) no Buraco das Piranhas, localizado na rodovia BR-262, entre Corumbá e Miranda.

“Também mantemos barreiras volantes em toda a região de fronteira com a Bolí­via”, frisa o diretor-adjunto da Iagro, destacando ainda as demais frentes. “Outra questão é a educação sanitária, apresentando palestras junto aos sindicatos rurais, visitando os assentamentos, mostrando a importância do combate para não deixar essa doença entrar”.

Por fim, a terceira frente é o controle e vigilância realizado dentro das propriedades rurais que são sí­tio migratório de aves vindas do hemisfério norte. “Verificamos se existe mortalidade de aves e analisamos caso a caso. Estamos preparados para atender em 12h qualquer notificação e assim dar uma resposta í  população”, comenta Cristiano.

DIA 1: Governo de MS vai Pantanal adentro com ações preventivas contra influenza aviária

A Iagro faz uma primeira avaliação e, se confirmada a suspeita, o caso é repassado para a central da Iagro, que encaminha a situação para o Ministério do Abastecimento, Pecuária e Agricultura. O material coletado para confirmar ou não se trata-se da gripe aviária ou não fica pronto em cerca de uma semana neste perí­odo de maior alerta.

Como entrar em contato

Para comunicar a Iagro em qualquer suspeita da doença, o contato é o WhatsApp (67) 99961-9205, além dos escritórios locais da agáncia em todos os municí­pios e a plataforma e-Sisbravet (Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergáncia Veterinária), neste link.

Os principais sinais da doença nos animais são dificuldade respiratória, corrimento nasal e ocular, inchaço de cabeça, andar cambaleante, torcicolo e alta mortalidade. A transmissão ocorre por contato direto com aves contaminadas, mais especificamente com secreções. Evitar o contato com as aves, manuseio de animais doentes e a manutenção da limpeza do ambiente de criação são medidas de prevenção.

2023-03-16 08:10:00

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