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Vacinação em massa na fronteira termina com quase 90 mil imunizados

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A campanha de vacinação em massa contra a Covid-19 foi encerrada ontem nos 13 municí­pios de fronteira que participaram da pesquisa em Mato Grosso do Sul. 

Até as 19h de quinta-feira, mais de 87 mil pessoas já haviam sido imunizadas com doses da Janssen, farmacológico com aplicação única e eficácia de 85%.

Para garantir o maior número possí­vel de pessoas vacinadas contra a Covid-19 em Mato Grosso do Sul, municí­pios da região de fronteira precisaram correr atrás das pessoas. 

São 13 cidades de fronteira com Paraguai e Bolí­via que fazem parte de projeto Vebra Covid-19, que vai avaliar o impacto da vacinação em massa a partir da dose única da Janssen.

O governo estadual recebeu e distribuiu 165,5 mil doses no projeto que começou na sexta-feira (2) e terminou ontem. 

O intuito foi vacinar toda a população a partir de 18 anos na faixa fronteiriça.

Em Porto Murtinho, 432 quilômetros de Campo Grande, a equipe da vacinação passou a fazer patrulha na rua neste último dia. 

O próprio prefeito, Nelson Cintra (PSDB), foi com veí­culo para abordar quem passasse na rua e explicar a importância da imunização. Inclusive, o chefe do Executivo concedeu entrevista para o Correio do Estado enquanto caminhava com veí­culo da vacinação.

“Estivemos na zona rural. Eu mesmo fui com o meu avião para ajudar na vacinação. As pessoas não tinham condições de vir para a cidade. Nós recebemos 6,2 mil doses e nós devemos fechar com 3 mil pessoas vacinadas. Ainda tem muita resistáncia. Aí­ eu, como prefeito, vou lá no local e converso com as pessoas. Hoje [quinta-feira], a gente veio para rua para fazer ronda, com alto-falante para chamar e estamos conseguindo” conta o prefeito Nelson Cintra (PSDB).

Ladário montou sete pontos de vacinação. Contando a vacina da Janssen e outras doses, 16 mil pessoas foram vacinadas. 

“Antes de o projeto de pesquisa iniciar, a gente tinha a vacina na faixa etária de 18 anos, isso foi a partir do dia 26 de junho”, detalha Josiane Braga, secretária municipal de Saúde de Ladário.

 Ela explica que haverá mutirão de vacina da segunda dose neste sábado (10) para atingir o público de professores e equipe de educação.

 â€œLadário deve ter agora praticamente 80% da população que já recebeu, pelo menos, a primeira dose. Agora, julho e agosto, vamos para a segunda dose da AstraZeneca e da Pfizer”, completa a secretária.

Corumbá conseguiu aplicar 22.330 doses da Janssen entre sexta e esta quarta. Conforme o secretário municipal de Saúde, Rogério Leite, ontem, faltavam em torno de “mil doses a serem aplicadas” para garantir a vacinação em massa, isso considerando a dose única e a segunda dose. 

Já foram 42.997 pessoas imunizadas em Corumbá.

“O trabalho foi positivo, fazendo um corredor sanitário seguro. Na região de fronteira [em Corumbá], temos em torno de mil pessoas cruzando todos os dias”, defende Rogério Leite, que também é presidente do Cosems-MS. Na cidade, houve vacinação da Janssen até perto da meia-noite de quinta-feira.

Diogo Cunha de Oliveira, 40 anos, foi com a esposa, Gabriela Matar Galvão de Oliveira, 37 anos, receber a dose no Poliesportivo, em Corumbá. 

“Na nossa empresa, que é um supermercado, agora 100% está imunizado. Fizemos um alerta para que todos os funcionários viessem [receber a vacina]. Nós fomos os últimos. Isso representa muito para a saúde das pessoas e vai ajudar a economia”, garante Diogo.

A alegria é tanta que já tem municí­pio pensando em comemorar. Em Antônio João, onde 100% das doses da Janssen foram aplicadas, o prefeito já pensa em uma forma de aliviar a tensão da doença quando a imunidade estiver completa.

“Daqui a 15 a 20 dias, nós deveremos fazer um culto grande para que as pessoas agradeçam e também um pagode. A luta foi grande, e agora que conseguimos sair da pressão que foi muito grande nos gestores, com falta de vaga, medidas restritivas, agora queremos comemorar e agradecer. Eu estou aliviado, mas agora muito mais por vencer essa guerra, teve meses que a prefeitura chegou a gastar 70 mil de oxigánio”, afirmou o prefeito Marcelo Pé (DEM).

Por outro lado, alguns municí­pios nem com busca ativa e ampliação de locais de vacinação conseguiram atrair os moradores. 

Esse foi o caso de Aral Moreira, onde das cerca de 7 mil doses destinadas da Janssen, apenas aproximadamente 2,5 mil foram aplicadas, segundo o prefeito Alexandrino Arévalo Garcia (PSDB).

“A procura não foi o que a gente imaginou, esperávamos bem mais, abrimos drive, fizemos busca ativa. Trabalhamos sexta, sábado e domingo, mas só 2,5 mil vieram. Acredito que é fruto de muita desinformação, fake news. A única realidade para volta í  normalidade é a vacinação”, declarou Garcia. Mesmo sem atingir a população toda, o prefeito afirmou que a cidade já tem quase 60% de imunizados e que já tem percebido a diferença em relação a quantidade de casos da doença.

 

PONTA PORíƒ

A cidade com o maior número de vacinas da Janssen recebida foi Ponta Porã, que tem uma população de mais de 90 mil pessoas, segundo última estimativa do Instituto Nacional de Geografia e Estatí­stica (IBGE). 

Na cidade, das cerca de 42 mil doses envidas, aproximadamente 38 mil foram aplicadas, segundo o prefeito da cidade, Hélio Peluffo Filho (PSDB).

“A vacinação foi um sucesso, quase 38 mil vacinados, temos sobra de cerca de 6 mil doses que vão ser devolvidas, mas nós alcançamos acima do í­ndice que estava previsto, com o que nós tí­nhamos de imunizados, com certeza, vamos passar dos 70%”, avalia Peluffo. 

Agora a cidade vacina adolescentes de 12 a 18 com comorbidade.

O prefeito destacou que o maior estudo em massa de vacinação no Brasil havia sido feito pelo Instituto Butantan, quando 70 mil pessoas foram vacinadas em Serrana (SP). 

Agora, porém, mais de 87 mil haviam recebido a dose única na faixa de fronteira de MS. 

“Este agora será o maior estudo em massa do Paí­s. Sábado o dr. Julio Croda [que comanda a pesquisa] estará reunido com a equipe em Ponta Porã para passar orientações que serão permanentes. Vamos emitir resultados para os EUA, para a América como um todo e para o mundo”.  

Além de envolver a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o estudo também está ligado a Stanford University, Yale university, Instituto de Salud Global de Barcelona, Universidade da Florida, entre outras.

Fonte: Daiany Albuquerque/ Correio do Estado

2021-07-09 08:38:00

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